quinta-feira, 2 de abril de 2009

AMAZONAS HÉRCULES: LIÇÕES DE AMOR

Nasceu em 5 de setembro de 1912 e desencarnou em 29 de abril de 2004, a foto que acompanha nosso informativo é dele, quem não o conheceu? Ou pelo menos ouviu falar do Gigante! Sorriso largo, sempre alegre, poeta, pronto para ajudar a todos que o procuravam, seu nome deveria ser AMOR!



Joanna de Angelis o definiu “...como um lutador do bem, temperado pelo sofrimento e trabalhado pelas mãos da renúncia e abnegação! Sua vida exemplificou uma lição de otimismo, coragem, fé e amor”.





Seus pais foram João Batista Gonçalves da Rocha e Luiza Maria da Conceição. Ficou órfão de pai ao nascer e de mãe aos 4 anos de idade passando, então, a receber assistência amorosa de sua madrinha, Lydia Cardoso Fernandes, que não se poupava em atenções. Sendo ela espírita, Amazonas aflorou sua ligação com a Doutrina.


Dosando o carinho com a disciplina, Lydia conseguiu que o irrequieto menino completasse o primário. Fez o curso secundário na Escola do Comércio Sólon de Lucena e depois foi transferido para a Escola de Comércio da Associação Comercial.


A revolução de 1930 repercutiu em todo o país e sua família teve de se mudar para Paraná da Eva, indo residir no sítio Vilar dos Teles, onde conheceu uma nova vida, mas sua inquietude era incompatível com a placidez daquele lugar, e a falta de futuro em qualquer atividade levou-o de volta a Manaus em 1936, sozinho. Na capital, as dificuldades surgiram e o bater às portas em busca de um emprego parecia não ter fim até que o engenheiro, Dr. Marçal Ferreira, ofereceu-lhe uma oportunidade: ajudá-lo a de marcar os limites da cidade de Moura, no Rio Negro. Tempo bom, saudável, de andanças pelo mato, abrindo picadas, tomando banho no rio, respirando ar puro.


Em novembro do mesmo ano, de regresso a Manaus, foi incorporado ao 27 QBC. Viajou por quase todos os municípios do estado, o que lhe valera conhecimentos para responder pela Secretaria do Departamento de Estatística Militar e para a promoção a Estatístico Auxiliar. Era uma nova vida que começava.


No decorrer desse período, começou a notar novos fatos em sua saúde. O pé começou a apresentar uma fraqueza que atrapalhava a marcha normal e alguns sintomas já haviam aparecido anteriormente, porém nem no Exército foi diagnosticado o Mal de Hansen. Com a evolução da doença, os sintomas foram aumentando, as manchas aparecendo e desaparecendo e depois passou a ter desmaios com freqüência, o que o levou a uma junta médica e, enfim, ao diagnóstico.


O mundo desabou a seus pés. Saiu do consultório perturbado, aterrorizado com as perspectivas do que considerava “sua desgraça”. Aquele dia de pesadelo não terminaria! Quando chegou à repartição, uma nova decepção o aguardara. Os amigos e companheiros estavam estranhos, sérios, evasivos e distantes. Sentiu-se escorraçado! Em casa, a Dinda, com palavras de amor e carinho, procurou remendar e medicar as chagas abertas em seu espírito. Até aquela data, ele acompanhara sua Dinda às reuniões da Federação Espírita Amazonense e conhecia a Doutrina Espírita por ler os livros da madrinha. Embora não fosse convicto, aqueles conhecimentos o ajudaram a superar os impactos dos primeiros momentos.


Em setembro de 1944 veio para o Rio de Janeiro em busca de tratamento médico. Conseguiu trabalhar para custear suas despesas, chegou a ter três empregos e quando pediram a carteira de Saúde, tentou contornar o problema, mas não obteve êxito, o que propiciou o início de um tratamento sério a base de sulfona, custeado pelo IAPC.


Sua vida foi um exemplo de coragem, otimismo, fé e amor. Foi também por esse Amor que ele não mediu esforços, procurando partilhar com todos um pouco de seu carisma e de sua doçura.


“... com os trabalhos no Centro Espírita Filhos de Deus, passei a sentir a Doutrina em sua plenitude. A doença, com todo o seu cortejo de dores e sofrimentos, deixou de ter aquele significado de tragédia, do primeiro impacto
. Passei a compreender o seu verdadeiro sentido de instrumento para minha recuperação espiritual. Senti a futilidade daqueles planos de ocupar uma posição de destaque na vida. Tais planos seriam, certamente a minha derrocada no desenvolvimento espiritual. Amputações, deformações e outras conseqüências da doença, deixaram de ser motivo de angústia e limitações para o trabalho. A Doutrina deu-me forças e energias para projetar-me em função do socorro a outros mais necessitados.”


Apesar do tratamento, o estado de saúde se agravou, resultando na internação no Hospital Colônia de Curupaiti, em 24 de julho de 1954. Ocorrera uma revolução total em que os valores subvertiam e acontecimentos pretéritos sem importância surgiam, com novos significados. O sentimento de oração que recebera da sua Dinda, que permanecia guardado nos porões da memória, adquiriu novo valor. O amadurecimento doutrinário, no entanto, aconteceu com seu ingresso no Centro Espírita Filhos de Deus, pelas mãos fraternas e amigas de Manoel Franco de Souza que o colocou no cargo de secretário, em 1956, dois anos após sua chegada no Hospital. Seu trabalho no bem ultrapassou as fronteiras de Curupaiti no Estado do Rio de Janeiro.


Com essas breves palavras, descrevemos rapidamente a vida de nosso Gigante, que hoje, na Pátria Espiritual, superou-se e continua trabalhando para amenizar as dores do mundo! Que belo exemplo ele nos deixou! Trouxe no nome o estado em que nasceu e que abriga a maior floresta tropical do mundo e também o herói da mitologia grega Heracles, homem extremamente forte, mas de grande coração, que derrotou o terrível Leão da Neméia. É possível que a união dos dois nomes seja responsável pela grandeza e força que emanaram de AMAZONAS HÉRCULES!


Adaptação das fontes: Canção da Esperança –Amazonas Hércules

Reflexões – Informativo do C.E.Eurípedes Barsanulfo

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SOLILÓQUIO COM DEUS – Amazonas Hércules

É maravilhoso, SENHOR,

Que, criado por Ti

Como um ser eterno, um ser imortal

Eu ressurja de etapa em etapa

Para que se me enobreça o coração

E a luz da razão se me faça fanal.


É maravilhoso, SENHOR,

Que o mundo infinito

Este ser tão finito

Tenha vôos de águia

Alcançando galáxias

Em um sonho abismal


É maravilhoso, SENHOR,

Para um ser tão pequenino

Tão débil, tão fraco,

Ante as dores do mundo,

Carregando o seu fardo,

Sentir-se tão forte, sentir-se gigante.


É maravilhoso, SENHOR,

Que na maior solidão

Tua presença se imponha

E sem Te ver, nem Te ouvir,

Eu te sinta a presença

Cá, no meu coração.

E por tudo isto que me faz vibrar,

Que me faz sentir a felicidade inaudita

De Contigo falar,

Eu Te digo, contrito:

OBRIGADO, MEU DEUS!


OBRIGADO, MEU PAI!